Parti com os
panfletos.
Enterrei-os na
ribeira.
Tracei sobre a
areia um plano...
Um plano de
manifestação futura.
Deem-me essa
ribeira, e bater-me-ei.
Bater-me-ei com
areia e água.
Com água fresca,
com areia quente. Bater-me-ei.
Estava decidido.
Portanto via longe. Muito longe.
Via um camponês
fincado como uma catapulta.
Chamei-o, mas
ele não veio. Fez-me sinal.
Fez-me sinal de
que estava em guerra.
Em guerra com
seu estômago. Toda a gente sabe...
Toda a gente
sabe que um camponês não tem espírito.
Um camponês é só
estômago. Uma catapulta.
Eu cá era
estudante. Era uma pulga.
Uma pulga
sentimental... As flores dos choupos...
As flores dos
choupos explodiam em penugem sedosa.
Eu cá estava em guerra. Divertia
o camponês.
Queria que ele
esquecesse a sua fome. Eu fingia de doido. Fingia de doido diante do meu pai o
camponês. Eu bombardeava a lua na ribeira.
Kateb Yacine
Nedjma Tricontinental Editora (1987)
p.48,49