domingo, 30 de dezembro de 2012

As minorias cristãs no mundo árabe


Em março de 1996, sete monges franceses da Ordem de Cister são raptados do mosteiro de Tibirine, 90 quilómetros a sul da capital da Argélia. Dois meses depois, os seus corpos, decapitados, são encontrados numa montanha.

http://sicnoticias.sapo.pt/programas/sociedadedasnacoes/2012/12/28/as-minorias-cristas-no-mundo-arabe

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pan-arabismo

"L'idéal du panarabisme ne me concerne pas. Ça ne tient pas debout pour moi. Il ya des peuples de langue arabe : il ya un peuple syrien, un peuple palestinien, un peuple libyen. Je m'oppose à l'idéologie qui utilise des termes flous, parce que je trouve qu'elle est fausse scientifiquement et très dangereuse. C'est elle qui nous a fait rater l'Afrique, par exemple. Voilà pourquoi nous, Nord-Africains, nous tournons le dos à l'Afrique : parce que l'arabo-islamisme nous masque l'Afrique d'abord. Nous sommes Africains, oui, c'est une notion vraie, géographiquement vraie et historiquement vraie... Si on voyait les choses à l'échelle africaine, on pourrait comprendre maintenant l'importance de l'Afrique du Sud pour nous. On pourrait en ce moment avoir une plus grande solidarité avec les peuples africains pour faire tomber les barrières." 

Kateb Yacine
La Presse, 24 de Dezembro, 1986

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Promessas religiosas

Edgar Morin e Cornelius Castoriadis

Cornelius Castoriadis: (...) Existiram  lutas multisseculares para conseguir separar o religioso do divino. Um movimento deste tipo nunca aconteceu no Islão. Este tem perante si um Ocidente que já só vive enquanto devora a sua herança e que preserva o satu quo liberal mas já não inventa significados emancipatórios  Aos Árabes diz-se mais ou menos isto: «deitem fora o Corão e comprem videoclips de Madonna» enquanto, ao mesmo tempo, lhes vendemos a crédito aviões Mirage. Se existe uma «responsabilidade» histórica do Ocidente a este respeito reside aí. O vazio de sentido das nossas sociedades no coração das democracias modernas não pode ser preenchido pela acumulação de «gadgets». Não pode deslocar as significações religiosas que mantêm aquelas sociedades coesas. É aí que se encontra a pesada perspectiva do futuro. (...)"

Edgar Morin: (...) É verdade que deparamos, à primeira vista, com massas magrebinas em fúria, julgando que um subjugador é um libertador [Saddam Hussein]. Mas isso não é uma característica árabe ou islâmica: também nós protagonizámos, mais que não fosse através da nossa idolatria para com Estaline ou Mao, que não é assim tão antiga. Conhecemos as histerias religiosas, nacionalistas, messiânicas. (...) Neste estado de coisas, talvez provisório, acreditamos que as paixões e os fanatismos são próprios dos Árabes. A um nível mais profundo podemos lastimar que a democracia não consiga implantar-se fora da Europa ocidental. Mas basta pensar em Espanha, na Grécia, na Alemanha nazi de ontem e na própria França para compreender que a democracia é um sistema difícil de se enraizar. Alimenta-se de diversidades e conflitos enquanto for capaz de regulá-los e de torná-los produtivos, mas também pôde ser precisamente destruída por eles. Não pôde implantar-se no mundo árabe-islâmico porque, primeiramente, este não pôde realizar o estado histórico da laicização que - do século VIII ao século XIII - germinava sem dúvida dentro de si, mas que o Ocidente pôde, por seu lado, encetar a partir do século XVI. Só a laicização, que é o recuo da religião em relação ao Estado e à vida pública, permite a democratização. Mesmo nos países árabe-islâmicos onde existiram poderosos movimentos de laicização, a democracia parecia uma solução fraca quando comparada com a revolução, a qual permitia simultaneamente a emancipação em relação ao Ocidente dominador. Ora, tanto as promessas da revolução nacionalista como a da revolução comunista eram promessas religiosas, uma trazendo a religião do Estado-Nação, a outra a da salvação terrestre. (...)

Cornelius Castoriadis: Parece-me claro que a situação mundial é intolerável e insuportável, que o ocidente não dispõe nem dos meios nem da vontade para modificá-la  no que é essencial e que o movimento de emancipação se encontra encravado. (...) Um parêntesis para dizer que sabemos que durante todo um período os Árabes foram mais civilizados do que os Ocidentais. Depois eclipsaram-se. O que captaram da herança da Antiguidade nunca foi porém de natureza política; a problemática política dos Gregos, fundamental para a democracia, não fecundou entre os filósofos e as sociedades árabes. As comunas europeias arrancaram as suas liberdades, a nível mundial, no final do século X. Não se trata de «julgar» os Árabes mas de constatar que o ocidente precisou de dez séculos para conseguir, com maior ou menor sucesso, libertar a sociedade política do domínio religiosos. (...)

Discussão entre Cornelius Castoriadis e Edgar Morin, publicada no Le Monde, 19 de Março de 1991, in. A ascensão da insignificância, de Cornelius Castoriadis, Editorial Bizâncio (2012), pp. 57-64.