"O meu braço esquerdo alongara-se consideravelmente. A ribeira da qual nos encontrávamos elevava-se sobre as pedras, flutuando entre céu e terra. Ouvi os insectos a abrirem caminho na floresta, e julguei mesmo ouvir circular a seiva, aproveitando a noite. Mais ainda, novas ribeiras e árvores estavam prestes a nascer no fundo da terra, forçando-me a prestar a maior atenção às delícias da insónia. (...) Era tarde de mais para reflectir. Sentia subirem-me aos lábios palavras de desafio, que recalquei para não incomodar ninguém. Houve um longo silêncio, cada um de nós tomando um ar irónico para disfarçar a perplexidade."
Kateb Yacine
Nedjma
(Tricontinental Editora, 1987)