segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Concerning Violence de Göran Hugo Olsson (novo clip)

Algo me diz que este vai ser o documentário do ano. Quando estrear em Portugal não serão sequer precisas legendas.



Mais informação aqui.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

تقوى‎

"A crença na singularidade de Deus é chamada tawhid, que significa não apenas a unidade divina mas também o acto pessoal de afirmar essa unidade. A palavra que significa devoção (taqwa) possui também conotações de força e concessão de poder. (...) A palavra que designa a fé, iman, está estreitamente relacionada com as palavras segurança e confiança. (...)"

Jamal Elias
O Islamismo, Edições 70 (2010)

Por onde se derramou

“Quantos, entre a gente instruída da nossa terra, ignoram que Coimbra, Lisboa, Santarém, Évora, Beja, Alcácer, Mértola, Silves, Faro foram centros notáveis de civilização árabe peninsular e cenário de relevantes acontecimentos políticos. (...)"

"Fala-se no caminho para Santiago, desbravado mais intensamente após a chegada dos cluniacenses e de Raimundo e Henrique. Mas havia também um caminho para Meca de que ninguém fala. E bem mais antigo. E bem mais grávido de presente e de futuro. Por onde se derramou o caudal das técnicas agrícolas e artesanais... (...)"


António Borges Coelho
Portugal na Espanha Árabe, Editorial Caminho (2008)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

"Concerning Violence", de Göran Hugo Olsson


O cineasta Göran Hugo Olsson estreia nos festivais de cinema seu mais novo documentário, Concerning Violence. Olsson já havia filmado The Black Power Mixtape (2011), documentário que reúne imagens sobre a evolução do movimento Black Power nos Estados Unidos. 
Concerning Violence denuncia o colonialismo por meio de imagens do cotidiano no continente africano e das guerras de independência africana dos anos 1960 e 1970. A narração é feita pela cantora Lauryn Hill (mais informações aqui). O documentário se destaca, também, por ser fundamentado na obra-prima de Frantz Fanon, Os condenados da terra (ler artigo aqui). 

Fanon nasceu na Martinica em 1925. Foi filósofo, psiquiatra e militante político. Naturalizado argelino, trabalhou no hospital psiquiátrico de Blida. Abandonou a profissão por se encontrar num impasse em relação ao tratamento da esquizofrenia engendrada pela colonização: "Se a psiquiatria é uma técnica que propõe ao homem não mais ser estrangeiro em seu próprio meio, é meu dever afirmar que o árabe, permanentemente alienado em seu próprio país, vive num estado de despersonalização absoluta". Assim, passou a participar ativamente da luta de independência argelina. Os condenados da terra foi seu último ensaio, escrito às pressas um ano antes de falecer de leucemia, em 1961.   


segunda-feira, 21 de julho de 2014

domingo, 13 de julho de 2014

Kateb Yacine na América


Três músicos, Picasso


Quando fala de sua viagem aos Estados Unidos, em entrevista concedida a Benamar Mediene, Kateb Yacine menciona o encontro entre a América e a África por meio do jazz:  

M.B. - E as noites americanas?
K.Y. - Passei minhas mais lindas noites com alguns grupos de jazz. Pude ver brancos e negros passarem a noite inteira juntos no clima mais fraterno. O jazz americano é tão envolvente que as pessoas afrouxam as rédeas. Vemos esses homens engravatados, que chegaram sérios e conformistas, desmancharem-se pouco a pouco como neve sob o sol e jogarem fora a máscara. A gente sente quebrar as carapaças, as barreiras sociais e raciais. Em momentos como esse, vi o quanto a África está implicada no que a América tem de mais profundo, assim como encontramos um poeta negro chamado Pushkin na raiz mais pura da língua russa. O espírito africano que se expressa pelo jazz comove os brancos. Ele contribui para a união de um povo americano voltado para o futuro, capaz de compreender que a África também aspira à união. Estamos no momento em que a Europa suprime suas fronteiras nacionais, e o mundo inteiro tende a se unir em grandes conjuntos. Estamos na Era do cosmos para finalmente chegarmos à dimensão universal e à aplicação dos direitos do homem, sem distinção de raça ou religião.    
Cultures n.0, Argel, julho de 1988
Fonte: Kateb Yacine, le poète comme un boxeur:
entretiens 1958-1989, Éditions du Seuil, 1994. (trad. livre)



.
Na biografia de Kateb, Benamar Mediene discorre sobre as impressões do amigo:

"Os americanos têm uma capacidade incomum de esquecimento. Sua memória funciona como uma esponja. Depois de tudo reter, ela é espremida para recomeçar a absorver. Como explicar que um genocídio datando de menos de um século só seja relembrado através de um filme, onde a vítima é apresentada como sendo ela mesma o exemplo da barbárie?" 
Kateb Yacine, le coeur entre les dents
Paris: Éditions Laffont, 2006. (trad. livre)

Chamada para comunicação no Colóquio Internacional 
Études katebiennes: Une esthétique de la modernité et une épistémologie
27 e 28 de outubro de 2014

"Os romances de Kateb Yacine – Nedjma e Le Polygone étoilé – serão assunto do colóquio internacional, organizado pelo departamento de Letras e Língua francesa da Universidade de Guelma, nos dias 27 e 28 de outubro de 2014. Esses dois romances estão entre os textos mais vanguardistas da literatura argelina há quase 70 anos. Eles renovaram a estética do romance por meio da escrita fragmentária, que é sua marca inigualável nessa época. Ignorando deliberadamente o consumado, o fechado, o totalmente edificado, o romance de Kateb Yacine privilegiou aquilo que o sentido e a história têm de inacabado e a abertura aos possíveis."
Trad. livre. Ler mais aqui.
Mais informações no site da Universidade de Guelma.

domingo, 27 de abril de 2014

Kahina, a rainha berbere de Aurès


Em uma das versões da peça La Kahina ou Dihya, Kateb atribui os seguintes versos à fala da rainha berbere, antes de ser morta em combate:

Ils m´appellent Kahina, ils nous appellent berbères,
Comme les romains appelaient barbares
nos ancêtres.
Barbares, Berbères, c´est le même mot,
toujours le même
comme tous les envahisseurs, ils appellent
barbares
Les peuples qu´ils oppriment, tout en prétendant
les civiliser.
Ils nous appellent barbares, pendant qu´ils pilent
notre pays.

Les barbares sont les agresseurs.
Il n´y a pas de Kahina, pas de Berbère ici.
C´est nous dans ce pays qui combattons
la barbarie.
Adieu, marchand d´esclaves!
Je vous laisse l´histoire
Au coeur de mes enfants
Je vous laisse Amazigh
Au coeur de l´Algérie!



Os versos seguintes correspondem ao coro das meninas e dos camponeses que transportavam o corpo da rainha decapitada:

Afrique corps sans tête, Afrique,
Soleil couchant plonge-toi dans la nuit,
La longue nuit tragique
D´où sortira une Afrique...
Afrique corps sans tête
Tes enfants sortent de tes flancs
Aveugles dans la nuit
La longue nuit tragique
Où tout un continent
N´en a jamais fini de naître et de mourir...
Afrique corps sans tête
Où es-tu, tes enfants te cherchent
Tes enfants du soleil couchant
Tes enfants de la longue nuit
Tes enfants de la nuit tragique
Afrique, où est ta tête? 
Parce que c´est une femme, 
suivi de La Kahina ou Dihya, 
Saout Ennissa, La voix des femmes, 
Louise Michel et la Nouvelle-Calédonie, de Kateb Yacine. 
Editora Des femmes - Antoinette Fouque, 2004. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

On nous rend hommages

"On nous tue et on nous rend hommages."

Kateb Yacine

sábado, 5 de abril de 2014

Nedjma de Kateb Yacine dans le contexte des années 50


"La nouveauté majeure d'un texte comme Nedjma, en balayant le modèle descriptif hérité, était d'abord d'attirer l'attention sur le fait même de narrer, de produire un récit dans des normes de lisibilité surprenantes. Ce faisant, Nedjma pose l'existence d'une narration issue de l'espace culturel même dont elle se réclame. C'est ce que souligne la naïve introduction de l'éditeur, qui a ressenti le besoin de "naturaliser" en quelque sorte pour le lecteur français principal destinataire du roman en 1956, cette écriture surprenante. Et de façon fort révélatrice cette préface s'abrite derrière une différence supposée dans la conception du temps de la civilisation arabe par rapport à celle de la civilisation occidentale. C'est-à-dire qu'elle gomme l'étrangeté textuelle en la cachant derrière un exotisme de contenu censé l'excuser. Dans sa naïveté, cette préface au demeurant bien paternaliste montre d'abord que la provocation a réussi... (...)"

 Charles Bonn
Bruxelles, Revue de l'Institut de Sociologie.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O teatro político - magnífico pleonasmo!

"Fazer com que os argelinos escutem sua história", ou a dos outros povos, é também escrever uma contra-história: restabelecer a verdade contra a amnésia e a mentira, contra o ensino rotineiro ao qual as novas gerações se submetem passivamente, contra a confiscação da história pelos poderes políticos. "(...) O papel pedagógico do teatro é de peso, justamente porque é, antes de tudo, um meio de luta. A luta serve para apresentar os verdadeiros problemas", explica [Kateb]. Através desse ato pedagógico de revelar a história, ele restitui a virtude política do teatro, no sentido aristotélico do termo. E lhe atribui sua dimensão literária, precisamente, pois quando os defensores de um teatro exclusivamente "literário" alegam que o teatro político - magnífico pleonasmo! - estaria sujeito ao slogan, eles se esquecem que as peças ditas literárias com diálogo prosaico fizeram o teatro perder seu vigor dramático.


As mulheres no teatro de Kateb Yacine

Teatro político e literário, então, que inscreve a história, as histórias nacionais. (...) As mulheres são apresentadas no centro desse processo. Elas não são excluídas do texto histórico (...) são atrizes da história e de sua inscrição através de dois temas essenciais, a terra e a língua. Pascale Casanova mostrou que na obra de Kateb Yacine "as fundações literárias estão ligadas às fundações nacionais". É preciso acrescentar que essas fundações nacionais estão ligadas às fundações sociais e que as mulheres têm aí um lugar privilegiado: o primeiro.   

Tradução livre da apresentação de Zebeïda Chergui 
de Parce que c´est une femme, 
suivi de La Kahina ou Dihya, 
Saout Ennissa, La voix des femmes, 
Louise Michel et la Nouvelle-Calédonie, de Kateb Yacine. 
Editora Des femmes - Antoinette Fouque, 2004. 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

De encontro à gueule du loup

Passar de uma língua à outra é possível, desde que não se perca o contato com o povo argelino e sua língua, o árabe falado. Não é o caso dos escritores que, por praticarem o francês, acabaram se distanciando da língua do povo. O árabe literário, que muitos não sabem, não traz o sal da vida encontrado na língua popular. Muitos escritores são desconectados dessa língua, dessa primeira fonte. É difícil retornarem. Eu mesmo só pude retornar no teatro.  

Entrevista com Jacques Alessandra para o jornal Travail théâtral 
(Paris, 1978)
publicada em Le poète comme un boxeur, 
entretiens 1958-1989 (tradução livre).

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"100 ans de théâtre algérien", de Mohammed Kali


Nessa obra, articulada em três partes (O teatro na Argélia, o teatro argelino, o teatro pós-independência), Mohammed Kali propõe uma nova interpretação da história da quarta arte na Argélia, profundamente marcada pelo contexto e pelas diferentes mutações da sociedade. O autor se mostra sem concessões e relativiza, ou melhor, coloca em questão certas abordagens e teorias ligadas à prática teatral argelina, especialmente a contribuição dita “fecunda” do Maxerreque no início do século XX. (...) Na terceira parte da obra, consagrada ao teatro pós-independência, Mohammed Kali evoca o chamado "teatro das certezas", relativo aos primeiros anos de independência, e ao teatro de Mustapha Kateb. Relembra as experiências de Abdelkader Ould Abderrahmane, conhecido por Kaki, e de Abdelkader Alloula juntamente com El-Halqa e o “teatro identitário”, abordando o caso de Kadour Naïmi. Precisamente nesse capítulo o autor tenta reconsiderar a questão em torno de Kadour Naïmi, explicando claramente que suas divergências com Kateb Yacine eram, sobretudo, de ordem ideológica, e talvez aí se encontre a raiz do problema. O problema do teatro argelino parece residir no fato de que ele foi, desde sua criação, uma aposta. Aliás, até a problemática da língua – hoje muito menos importante, mesmo sendo utilizada de todas as formas durante os debates após as apresentações, especialmente nos festivais - foi uma aposta política nas décadas anteriores. Todos esses fatores nos levam a concluir que a subversão do teatro – uma arte viva, pois evolui - e seu impacto sobre os espectadores fazem com que a prática teatral evolua de acordo com o contexto histórico. 
Ler o texto integral em francês aqui


A literatura deve transmitir o sofrimento tal qual é

Toda a literatura de Kateb Yacine é um combate pela dignidade, é nisso que residem a poesia e a beleza de seus textos. A literatura deve transmitir o sofrimento tal qual é... Kateb tem essa capacidade de nos remeter a nossa própria dignidade. Tomei distância em relação a tudo o que li dele e o abordei a partir do pensamento de Lao Tseu, cujo princípio é a alternância entre os contrários (...) Sua poesia contém a música e o silêncio. Fiz também um paralelo entre ele e o poeta libanês Salah Stétié (também nascido em 1929), que escreveu em francês e viveu a mesma revolta, o mesmo dilaceramento em relação à língua. Tentei compreender a tentativa de Kateb manter um equilíbrio entre o amor e o ódio, a aproximação e a distância...ele soube regular a relação entre as antinomias. Através desse jogo de alternância, Kateb soube elevar Nedjma e a Argélia ao nível cósmico, conduzindo à ideia de escrita universal. 

Entrevista com Dima Hamdane,
intelectual e pesquisadora libanesa
Ler mais aqui

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Resposta de Kateb Yacine ao jornal parisiense Libération, em 20 de julho de 1988

"Descobri rápido, disse Sócrates, que não é pela sabedoria que os poetas criam suas obras, mas por um certo poder natural e pela inspiração, como os divinos e profetas que falam tantas coisas belas, mas não compreendem nada do que dizem." "A poesia, disse Shelley, não é como o raciocínio, faculdade exercida de bom grado.... O maior poeta não pode exprimi-lo." Blake confessa que escreveu seu poema Milton sem premeditar. Keats não estava consciente do que escrevia "por acaso ou por magia", isso lhe parecia a "produção de um outro". Goethe: "os cantos me fizeram, não fui eu quem os fiz." Mais lapidário, Rimbaud: "Eu é um outro." Wordsworth estava em transe quando concebeu sua conhecida ode: "As coisas que caem da gente, que se desvanecem..."
Conheci esse estado colaborador num inverno em Paris, terminando ao mesmo tempo, quase simultaneamente, Nedjma e Le cadavre encerclé. Em menos de dois meses, tudo acabou. Era maré cheia, eu era como um rio na tempestade. Escrevia sentado, em pé, comendo, e mesmo no sono: vinham-me de repente estrofes e frases que me acordavam em sobressalto. Tudo isso mostra a parte inconsciente no trabalho do poeta ou do escritor. O que passa longe da política.   

(tradução livre)
Kateb Yacine, Le Poète comme un boxeur: 
entretiens 1958-1989, Éditions du Seuil, 1994.

sábado, 25 de janeiro de 2014

"a flor vermelha feito um coalho de sangue prendendo de lado os cabelos negros"



" (...) e não tardava Ana, impaciente, impetuosa, o corpo de campônia, a flor vermelha feito um coalho de sangue prendendo de lado os cabelos negros e soltos, essa minha irmã que, como eu, trazia a peste no corpo, ela varava então o círculo que dançava e logo eu podia adivinhar seus passos precisos de cigana se deslocando no meio da roda, desenvolvendo com destreza gestos curvos entre as frutas e as flores dos cestos, só tocando a terra com a ponta dos pés descalços, os braços erguidos acima da cabeça serpenteando lentamente ao trinado da flauta mais lento, mais ondulante, as mãos graciosas girando no alto, toda cheia de uma selvagem elegância, seus dedos canoros estalando como se fossem, estava ali a origem das castanholas, e em torno dela a roda girava cada vez mais veloz, mais delirante, as palmas de fora mais quentes e mais fortes, e mais intempestiva (...) ela sabia fazer as coisas, essa minha irmã, esconder primeiro bem escondido sob a língua a sua peçonha e logo morder o cacho de uva que pendia em bagos túmidos de saliva enquanto dançava no centro de todos, fazendo a vida mais turbulenta, tumultuando dores, arrancando gritos de exaltação. (...)"
Raduan Nassar
Lavoura Arcaica (1999) Relógio d'Água, p. 31

Raduan Nassar (n.1935) é um escritor brasileiro de origem síria e libanesa. Estudou Filosofia na Universidade de São Paulo e publicou, entre outras obras, Lavoura arcaica (1975) Um copo de cólera (1978) e Menina a caminho (1994). Nassar terá deixado de escrever por volta de 1984 para se dedicar inteiramente à vida rural em Buri no estado de São Paulo. Apesar do número reduzido de livros publicados é considerando um dos mais importantes escritores da literatura brasileira do século XX, tendo sido galardoado, nomeadamente, pela Academia Brasileira de Letras com o Prémio Coelho Neto. Depois de ter dedicado grande parte da sua vida à criação de gado e ao cultivo de arroz, aveia, soja e trigo, Nassar decide em 2011 doar parte da sua fazenda a particulares e outra parte à Universidade Federal de São Carlos, com vista à criação de cursos de Agronomia, Engenharia Florestal, etc. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Carta de Albert Camus a Jean Grenier


Sanatorium du Grand Hôtel Leysin, 
21 de Janeiro [1948] 

 Dear friend, One must get out of Paris to get one’s letters written. It’s stupid but it’s the truth. Lately I have spent time fighting damned nuisances and false obligations in order to work on the dialogues of a production I have just finished for Barrault. Apart from that, I wasn’t capable of anything. And then I fled to Switzerland to see Michel Gallimard and also to begin my play about the Russian terrorists of 1905. To get some rest as well, in spite of, or because of, my hatred for the mountains. 
There was no hesitation on my part regarding Egypt. We were decided, and really happy about the trip. But it seems to me that M. Fort has misinformed you. In fact the Relations Culturelles was unwilling to assign me…Unless I am mistaken, I have the impression they don’t want to send me to an Arab country right now, for reasons you can very well imagine. So they strongly suggested England, Italy, South America, the Scandinavian countries, who knows what else…Since I’m not one to insist (damned pride!), I politely agreed. I regret it and I can’t tell you how much. Europe and its cemeteries disgust me. 
 So…I came to take refuge in the city of sanatoriums. Here I reflect and hope to find a way to leave Paris for good (at least!). 
 Thank you also for what you wrote me about La Poste. But I believe less and less that man is innocent. The thing is, my basic reaction is always to stand up against punishment. After the Liberation I went to see one of those purge trials. The accused was guilty in my eyes. Yet I left the trial before the end because I was with him and I never again went back to a trial of this kind. In every guilty man, there is an innocent part. This is what makes any absolute condemnation revolting. We do not think enough about pain. 
 Man is not innocent and he is not guilty. How to get out of that? What Rieux…means is that we must cure everything we can cure—while waiting to know, or see. It’s a waiting situation and Rieux says, “I don’t know.” I came a long way to reach this admission of ignorance. One begins with a discourse of parricide and comes back to the morality of common men. That’s something to be proud of. 
 At the very least, it seems to me that one must acknowledge it and move on. This is what remains for me to do. And it is then that I will have something less trivial to tell you perhaps. But it’s about solitude and I would like to be sure of my words… 
 In any case, have no doubt about my affectionate thoughts. Sometimes it seems I no longer have anything to say to anyone except to you (and to my mother, with whom I never speak of course). And in everything I intend to do, I would be at quite a loss if I could not turn to you. Write to me in spite of my silence. 

 To you and yours, very affectionately. 

Albert Camus
Correspondences, 1932-1960: Albert Camus and Jean Grenier. Lincoln: University of Nebraska Press (2003), pp. 111-113.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Kateb Yacine: o insubmisso


Chegou às bancas a versão francesa do livro Nabi El içyan, ("Le prophète de l’insoumission") do jornalista Hamida Layachi.

Mais informações aqui.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Mistério e inacessibilidade


"En effet, avec le texte de Kateb, on se trouve en pleine révolution scripturale: éclatement et mélange des genres et des formes, syncopes de la linéarité, déconstruction systématique de la chronologie, caractère fragmentaire, multiplication des narrateurs et des points de vue, alternance des récits à la première et à la troisième personne, circularité du récit par la reprise à la fin du roman de fragments qui se trouvaient déjà au début, tous ces éléments justifient pleinement une obsession de la forme qui se retrouvera au coeur de la littérature maghrébine ultérieure. En même temps, à ce bouleversement d’ordre formel répond en écho une mise en question de la construction du sens: un souffle de mystère poursuit le personnage de Nedjma, en rendant son trajet incomplet et inachevé. La perte de sens est vouée à intégrer le lecteur au processus de sa construction. En ce qui concerne la nouveauté absolue du texte de Kateb, c’est à juste titre qu’Abdelkébir Khatibi remarquait : Avec Kateb, il s’agit d’une mise en question de tout le roman moderne. (...)"

 Alina Gageatu-Ionicescu
"Lectures de sable: les récits de Tahar Ben Jelloun"
UEB - Université européenne de Bretagne (2009)

Sem Kateb Yacine...


"Radicalement insolite au moment de sa publication, […] l’oeuvre de Kateb, aujourd’hui encore, n’a rien perdu de sa force ni de sa fécondité. Sans elle, ni Mohammed Khaïr-Eddine, ni Rachid Boudjedra, ni Abdelkébir Khatibi, ni Tahar Ben Jelloun, entre bien d’autres, n’auraient sans doute écrit de la même façon. (...)"
Jacques Noiray
 Littératures francophones, I. Le Maghreb, Paris, Éditions Belin, 1996, p. 139

Avant garde


"C’est une oeuvre qui se situe d’emblée dans ce qu’il est convenu d’appeler l’avant-garde du roman, et c’est bien là, le trait le plus spécifique du génie de Kateb. Alors que le roman maghrébin d’expression française, héritier de toute une tradition littéraire, s’inscrit dans une technique strictement réaliste, sans innovation d’aucune sorte […] Kateb Yacine, par la structure de son récit, rejoint ce qu’on appelle déjà en France le ʺNouveau romanʺ, qui n’en est encore cependant qu’à ses premières productions. (...)"

Marc Gontard 
Nedjma de Kateb Yacine. Essai sur la structure formelle du roman
(1985) Paris: L’Harmattan