"Se a primavera árabe foi uma farsa que possibilitou massacres inúteis, já que Ben Ali, o ditador da Tunísia onde tudo começou está exilado em algum harém saudita, Khadafi foi esfolado vivo e arrastado no abrasante cascalho do deserto líbio e do país hoje ninguém mais sabe, os monarcas marroquinos estão com as barbas de molho, a Argélia, calejada pelas enfumades do tempo da colonização selvagem e predatória que a França lhe impôs, se recolhe nos altiplanos das montanhas Cabila, os egípcios engaiolaram o amaldiçoado Mubarak, morre-não-morre, (nem seu suposto pai Akénathon o quer por aquelas paragens do além), mas a situação dos coptas continua indefinida e a etnia oprimida, enfim, diante destes fatos o que dizer do destino da Síria e de seu jovem ditador Bashar al-Assad nascido na fatídica data ocidental de 11 de setembro de 1965?... (...) É raro ouvirmos notícias do mundo literário árabe, sobretudo o mundo das letras sírias. A língua é uma barreira que os escritores do Magrebe transpuseram ao adotar o francês como um tipo de butim de guerra, segundo a excelente expressão argelina. Porém, o mundo sírio e sua literatura hoje freme... As bombas e o crescente avanço da violência têm sido mais expressivos que a palavra poética, mas as brasas ardem sob as cinzas. (...)"
Grupo Literatura Magrebina Francófona