quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Carta aberta a Kateb Yacine, por Mehana Amrani

"Você e Camus amaram a mesma terra, mas cada um à sua maneira, a tal ponto que a rocha da terra amada resultou em diálogos bem diferentes.
Camus via a rocha que abandonou a história dos homens retornar definitivamente a seu repouso eterno no ventre da terra [...] Mas você, Kateb, você fazia a rocha voltar à vida, uma vez que via que em todo lugar 'as ruínas floresciam, aqui e alhures'." Ler mais aqui



domingo, 21 de maio de 2017

Argélia, um país sem pressa

“No dia em que os franceses debandaram, as suas vidas ficaram presas a gestos do quotidiano que revelam a pressa em fugir”, conta-nos Nádia. “Um pouco por todo o lado, sobram exemplos de que a saída não foi planeada. Refeições inacabadas. Pijamas dobrados em cima da cama. Jogos de cartas suspensos. Deveres da escola a meio… Mil e uma coisas do nosso dia-a-dia abruptamente interrompidas, por uma urgência que mudou o país”, acrescenta a nossa anfitriã, num dos serões intemporais nos quais nos vai falando da alma da Argélia.

Nesse distante 5 de julho de 1962 muito aconteceu, além da independência do país. O fim de um ciclo para milhares pode bem ser o início de outro para outros tantos. Na casbah, a cidade velha amuralhada, sem idade, nasceu uma bebé que simboliza a revolução. E que 54 anos depois está diante de nós, narrando-nos a sua Argélia ao sabor de delongado chá. Aquela à qual regressou há três anos e que não pretende abandonar até ao fim dos seus dias. A mesma que a prende às raízes, quando o marido está em missão diplomática francesa no Afeganistão.


Rui Barbosa Batista 
Fugas, 20.05.2017
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terça-feira, 18 de abril de 2017

Herança


Catherine Milkovitch-Rioux e Isabella von Treskow 

Ruínas em filigrana

"Não esse género de ruína em que a alma das multidões apenas teve tempo de se petrificar, gravando o seu adeus na rocha, mas as ruínas em filigrana de todos os tempos, as banhadas pelo sangue nas nossas veias, aquelas que trazemos connosco em segredo sem nunca encontrarmos nem o lugar nem o instante convenientes para vermos: os inestimáveis escombros do presente (…)"

Kateb Yacine
«Nedjma»

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Like Liszt


"Kateb Yacine’s 1956 novel Nedjma is luxuriant and convoluted like Liszt, not deceptively simple like Mozart, but in my encounter with it I found myself in a position more like that of the amateur attempting Mozart: I read every word, but never felt I was more than a tenth of the way toward having read the novel. And yet not a page passed without my having the feeling that I was experiencing something great. (...)"

 Barry Schwabsky
"The Potential Novel of a Conceivable Algeria", Hyperallergic (19/02/2017)