“No dia em que os franceses debandaram, as suas vidas ficaram presas a gestos do quotidiano que revelam a pressa em fugir”, conta-nos Nádia. “Um pouco por todo o lado, sobram exemplos de que a saída não foi planeada. Refeições inacabadas. Pijamas dobrados em cima da cama. Jogos de cartas suspensos. Deveres da escola a meio… Mil e uma coisas do nosso dia-a-dia abruptamente interrompidas, por uma urgência que mudou o país”, acrescenta a nossa anfitriã, num dos serões intemporais nos quais nos vai falando da alma da Argélia.
Nesse distante 5 de julho de 1962 muito aconteceu, além da independência do país. O fim de um ciclo para milhares pode bem ser o início de outro para outros tantos. Na casbah, a cidade velha amuralhada, sem idade, nasceu uma bebé que simboliza a revolução. E que 54 anos depois está diante de nós, narrando-nos a sua Argélia ao sabor de delongado chá. Aquela à qual regressou há três anos e que não pretende abandonar até ao fim dos seus dias. A mesma que a prende às raízes, quando o marido está em missão diplomática francesa no Afeganistão.
Nesse distante 5 de julho de 1962 muito aconteceu, além da independência do país. O fim de um ciclo para milhares pode bem ser o início de outro para outros tantos. Na casbah, a cidade velha amuralhada, sem idade, nasceu uma bebé que simboliza a revolução. E que 54 anos depois está diante de nós, narrando-nos a sua Argélia ao sabor de delongado chá. Aquela à qual regressou há três anos e que não pretende abandonar até ao fim dos seus dias. A mesma que a prende às raízes, quando o marido está em missão diplomática francesa no Afeganistão.
Rui Barbosa Batista
Fugas, 20.05.2017
aqui
aqui