"Um exame de qualquer compêndio de literatura brasileira evidenciará um dado curioso: escasseiam, até a década de 1970, autores cujos sobrenomes não sejam ibéricos (portugueses ou espanhóis) – ou, posto de outra maneira, somente a partir daquela década começam a ganhar visibilidade escritores (poeta ou prosadores) descendentes dos mais de 3,5 milhões de imigrantes que por aqui aportaram entre 1890 e 1930 – basicamente portugueses, espanhóis, italianos, alemães, japoneses, sírios, libaneses e judeus.
Miseráveis, expulsos de suas nações pela fome, aceitavam propostas, no mais das vezes inverídicas, de ir trabalhar a soldo num lugar desconhecido, com clima, vegetação, língua, costumes e hábitos alimentares totalmente diferentes dos seus. Estas famílias tiveram, portanto, que inicialmente resolver questões básicas de adaptação e sobrevivência: dedicaram-se a garantir moradia, comida e vestimenta para os filhos, proporcionando a eles, a primeira geração nascida no Brasil, condições um pouco mais dignas de vida. (...)"
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Os sírios e libaneses não vieram para o Brasil expulsos pela fome, mas sim, em sua grande maioria, perseguidos pelo Império Otomano, por razões de crença religiosa, já que eram cristãos vivendo em território muçulmano. (...)
Luiz Ruffato
Africa 21, outubro 2013, via Buala, aqui.