Alguns escritores magrebinos foram alfabetizados na língua
francesa desde a tenra idade e, aprendendo a jogar com a língua do colonizador,
transformaram-na em instrumento de luta e reivindicação identitária. Ao se
apropriarem do francês e se expressarem efetivamente nessa língua, não deixaram
de mencionar a cisão psíquica e o mal-estar profundo que essa vivência lhes
causou. Submetidos ao sistema de ensino europeu desde cedo, deparavam-se com o
bilinguismo colonial e suas consequências. Mais de um século
após o início da colonização francesa (1830), sofriam suas influências
irreversíveis e, através de questões existenciais, faziam um balanço por um
viés histórico, psicológico e até mesmo psicanalítico: “ ‘Qui suis-je, moi,
Nord-Africain, colonisé’ dans le monde, parmi les miens, par rapport aux autres? ”[1] Indagação simples, sobre um princípio existencial do homem. No entanto, não obtiveram resposta tão cedo; esta exigiria o nascimento de um novo
Magreb.
[1] " 'Quem sou eu, norte-africano, colonizado' no mundo, entre os meus, em relação aos outros?" (Déjeux, 1980,
p.42).