domingo, 23 de junho de 2013

A literatura magrebina de língua francesa

Alguns escritores magrebinos foram alfabetizados na língua francesa desde a tenra idade e, aprendendo a jogar com a língua do colonizador, transformaram-na em instrumento de luta e reivindicação identitária. Ao se apropriarem do francês e se expressarem efetivamente nessa língua, não deixaram de mencionar a cisão psíquica e o mal-estar profundo que essa vivência lhes causou. Submetidos ao sistema de ensino europeu desde cedo, deparavam-se com o bilinguismo colonial e suas consequências. Mais de um século após o início da colonização francesa (1830), sofriam suas influências irreversíveis e, através de questões existenciais, faziam um balanço por um viés histórico, psicológico e até mesmo psicanalítico: “ ‘Qui suis-je, moi, Nord-Africain, colonisé’ dans le monde, parmi les miens, par rapport aux autres? ”[1] Indagação simples, sobre um princípio existencial do homem. No entanto, não obtiveram resposta tão cedo; esta exigiria o nascimento de um novo Magreb.  



[1] " 'Quem sou eu, norte-africano, colonizado' no mundo, entre os meus, em relação aos outros?" (Déjeux, 1980, p.42).