Encenação de François Fehner.
"Banha-te, Nedjma, prometo-te não ceder à tristeza quando o teu encanto se dissolver pois não há nenhum atributo da tua beleza que não me tenha tornado a água cem vezes mais cara; não é a fantasia que me faz sentir este imenso afecto por um caldeirão. Amo cegamente o objecto sem memória em que se disputam os últimos manes dos meus amores."
segunda-feira, 21 de julho de 2014
terça-feira, 15 de julho de 2014
domingo, 13 de julho de 2014
Kateb Yacine na América
Três músicos, Picasso
Quando fala de sua viagem aos Estados Unidos, em entrevista concedida a Benamar Mediene, Kateb Yacine menciona o encontro entre a América e a África por meio do jazz:
M.B. - E as noites americanas?
K.Y. - Passei minhas mais lindas
noites com alguns grupos de jazz. Pude ver brancos e negros passarem a noite
inteira juntos no clima mais fraterno. O jazz americano é tão envolvente que as
pessoas afrouxam as rédeas. Vemos esses homens engravatados, que chegaram sérios
e conformistas, desmancharem-se pouco a pouco como neve sob o sol e jogarem
fora a máscara. A gente sente quebrar as carapaças, as barreiras sociais
e raciais. Em momentos como esse, vi o quanto a África está implicada no que a
América tem de mais profundo, assim como encontramos um poeta negro chamado Pushkin
na raiz mais pura da língua russa. O espírito africano que se expressa pelo
jazz comove os brancos. Ele contribui para a união de um povo americano
voltado para o futuro, capaz de compreender que a África também aspira à união. Estamos no momento em que a Europa suprime suas fronteiras nacionais, e o mundo inteiro tende a se unir em grandes conjuntos. Estamos na Era do cosmos para finalmente chegarmos à dimensão universal e à aplicação dos direitos do homem, sem distinção de raça ou religião.
Cultures n.0, Argel, julho de 1988
Fonte: Kateb
Yacine, le poète comme un boxeur:
entretiens 1958-1989, Éditions du Seuil, 1994. (trad. livre)
.
Na biografia de Kateb, Benamar Mediene discorre sobre as impressões do amigo:
"Os americanos têm uma capacidade incomum de esquecimento. Sua memória funciona como uma esponja. Depois de tudo reter, ela é espremida para recomeçar a absorver. Como explicar que um genocídio datando de menos de um século só seja relembrado através de um filme, onde a vítima é apresentada como sendo ela mesma o exemplo da barbárie?"
Kateb Yacine, le coeur entre les dents.
Paris: Éditions Laffont, 2006. (trad. livre)
Chamada para comunicação no Colóquio Internacional
Études katebiennes: Une esthétique de la modernité et une épistémologie
27 e 28 de outubro de 2014
"Os romances de Kateb Yacine – Nedjma e Le Polygone étoilé – serão assunto do colóquio internacional, organizado pelo departamento de Letras e Língua francesa da Universidade de Guelma, nos dias 27 e 28 de outubro de 2014. Esses dois romances estão entre os textos mais vanguardistas da literatura argelina há quase 70 anos. Eles renovaram a estética do romance por meio da escrita fragmentária, que é sua marca inigualável nessa época. Ignorando deliberadamente o consumado, o fechado, o totalmente edificado, o romance de Kateb Yacine privilegiou aquilo que o sentido e a história têm de inacabado e a abertura aos possíveis."
Trad. livre. Ler mais aqui.
Mais informações no site da Universidade de Guelma.
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