"Fazer com que os argelinos escutem sua história", ou a dos outros povos, é também escrever uma contra-história: restabelecer a verdade contra a amnésia e a mentira, contra o ensino rotineiro ao qual as novas gerações se submetem passivamente, contra a confiscação da história pelos poderes políticos. "(...) O papel pedagógico do teatro é de peso, justamente porque é, antes de tudo, um meio de luta. A luta serve para apresentar os verdadeiros problemas", explica [Kateb]. Através desse ato pedagógico de revelar a história, ele restitui a virtude política do teatro, no sentido aristotélico do termo. E lhe atribui sua dimensão literária, precisamente, pois quando os defensores de um teatro exclusivamente "literário" alegam que o teatro político - magnífico pleonasmo! - estaria sujeito ao slogan, eles se esquecem que as peças ditas literárias com diálogo prosaico fizeram o teatro perder seu vigor dramático.
As mulheres no teatro de Kateb Yacine
Teatro político e literário, então, que inscreve a história, as histórias nacionais. (...) As mulheres são apresentadas no centro desse processo. Elas não são excluídas do texto histórico (...) são atrizes da história e de sua inscrição através de dois temas essenciais, a terra e a língua. Pascale Casanova mostrou que na obra de Kateb Yacine "as fundações literárias estão ligadas às fundações nacionais". É preciso acrescentar que essas fundações nacionais estão ligadas às fundações sociais e que as mulheres têm aí um lugar privilegiado: o primeiro.
Tradução livre da apresentação de Zebeïda Chergui
de Parce que c´est une femme,
suivi de La Kahina ou Dihya,
Saout Ennissa, La voix des femmes,
Louise Michel et la Nouvelle-Calédonie, de Kateb Yacine.
Editora Des femmes - Antoinette Fouque, 2004.